espelho do Reino

Estamos colocando ordem na casa e descobrindo onde todos os móveis precisam estar. A casa sou eu e os móveis são os meus sentimentos, você entendeu a analogia?  De tempos em tempos, precisamos respirar fundo e entender que no futuro, existirão momentos de sobrecarga na nossa vida ou na nossa mente, mas que esses momentos passam e tudo volta ao normal, só precisamos saber e entender como colocar cada coisinha em seu devido lugar.  Existem dias e existirão milhares deles, em que nós nos sentimos sobrecarregados demais, precisando de férias no meio de outubro ou querendo sair correndo para a Tailândia. E isso não é um problema. Na nossa geração tudo o que está fora de ordem se torna um problema, se não está perfeito então não está bom, se o feed do Instagram estiver com o filtro errado, já era! Ás vezes, corrigir o que não está bom é saudável, em outras se torna uma prisão. O que tem te aprisionado ultimamente?

Eu já começo a escrever em lágrimas. Esse ano tem sido o melhor ano da minha vida e eu não posso reclamar de nada, só Deus sabe (literalmente) o que vivemos e estamos vivendo nesses últimos seis meses, mas mesmo assim, eu estou em lágrimas. Não quero fazer desse texto uma história sobre mim, já existem muitas por aqui, mas eu quero falar sobre estar triste, feliz ou os dois juntos ao mesmo tempo.  Quando pensamos sobre tristeza, achamos que esse sentimento é a ausência da felicidade, mas ás vezes pode ser um meio termo. Estar triste por uns dias ou meses, não significa ser triste. 

Eu não sei o que vai sair desse texto ou se vai sair algo bom, mas escrevi de madrugada e senti uma necessidade absurda em falar sobre isso.  Desde que eu me entendo por gente, sei que Jesus me ama. Sou cristã desde que nasci e eu sempre ouvi sobre esse amor. Mas quando criança, imaginava Jesus como um super herói que viria me buscar e voaríamos juntos pelo Céu, não achava que Ele era mais do que um amigo que salvava as pessoas, era basicamente um super herói "amigo do bairro". Mas conforme eu fui crescendo, ficava me perguntando: Quem é esse cara aí que me ama? Será que ele me ama mesmo? Será que me ama até quando eu estou com MUITA raiva? Será que ele me ama quando eu falo "piu" depois que a minha mãe manda eu não dar mais um "piu"?  Será que esse amor é pra todo mundo? Será que eu mereço esse negócio ai mesmo? Será que Ele existe?

Eu sempre soube perdoar, e sempre ouvi dos meus pais que o perdão precisa ser liberado para que a gente se sinta liberto também, então nunca foi difícil entender e aceitar os momentos em que eu errava com alguém, também nunca foi difícil me desculpar por causa de algum erro cometido.  A minha maior dificuldade era me perdoar e aceitar que nem sempre eu sou a culpada de todas as coisas que acontecem no mundo. Porque eu sempre achei que era, se eu tirava uma nota baixa ou se eu não conseguisse cumprir prazos e horários, ficava pensando a todo instante o quão errada, burra e  culpada  eu era. A velha frase "todo mundo consegue, menos eu" me perseguia, e me fazia sentir culpa por causa dos meus defeitos e ainda achava que ninguém mais cometia aqueles erros. E enquanto eu liberava perdão e ajudava as pessoas a entenderem que elas não são culpadas pelo seu passado ou por causa de alguma coisa que deu errado em suas vidas, eu não conseguia me perdoar. E eu fico pensando

Quando eu era pequena, nada de ruim existia aos meus olhos. Não prestava atenção nos jornais, não sabia o que era assalto, sequestro ou morte. Como criança, a pior coisa que poderia me acontecer era não poder ir brincar na rua. Hoje em dia, todas essas coisas (que eu nem conhecia quando era menor) me assombram e parece que cada vez que entro em alguma rede social, ou ligo a televisão está lá e não importa a hora que seja. Sempre está lá! Assassinatos em série, assaltos, brigas que acabam em mortes, desastres causados por pessoas, balas perdidas atingindo crianças, sequestros e muitas coisas que assustam e nos dão vontade de nunca mais sair de casa.